quinta-feira, 8 de julho de 2010

Fora da Copa, da África e do meu álbum de fotos


Fim de tarde da última segunda-feira, aeroporto internacional Oliver Tambo, em Johannesburgo. Um passageiro alto e bem vestido começa a chamar a atenção de muitos outros na área do check-in de uma famosa companhia aérea alemã.

Adolescentes e jovens notam o rapaz e logo começam a assediá-lo, tirando fotos e pedindo autógrafos.

O personagem em questão, protagonista de sua seleção nos dois últimos Mundiais, era o agora coadjuvante Michael Ballack.

Ao contrário do que alguns sites e jornais brasileiros publicaram, o talentoso armador alemão não viajou na última terça-feira.

O embarque aconteceu um dia antes, sem grandes confusões.

Após fazer o check-in e tirar pouco mais de cinco ou seis fotos com torcedores, Ballack deu um drible nos fãs e conseguiu escapar por trás do galpão da companhia aérea.

Deixou a África do Sul pela porta dos fundos? Claro que não. O atleta não teve culpa em sua contusão e ainda fez sua parte como torcedor e ex-capitão.

Viajou até a África, apoiou os companheiros de seleção, vibrou nos gols dos amigos e não mostrou qualquer traço de inveja ou tristeza por estar de fora num momento de tanto brilhantismo da equipe.

Mostrou até mesmo ser pé-quente, pois a seleção só perdeu quando ele já estava longe, em solo europeu.

Mesmo assim, alguns jornalistas aproveitaram a desgraça do atleta para destacar que o ambiente da equipe de Joaquin Low foi bem mais tranqüilo sem sua vaidade.

Não conheço obviamente o jogador para saber se o que dizem os repórteres alemães é verdade. Mas isso pouca importa.

O que acho realmente relevante é insinuar a providencial assistência do destino para o ótimo funcionamento do esquadrão de Low.

Sem Ballack, o time germânico ficou mais rápido, mais solto, menos burocrático.

Há quem discorde: “com Ballack em campo, nem que o talentoso Ozil tivesse que ser sacrificado (saindo do time titular), a Alemanha também teria uma grande equipe”, aposta o comentarista Henrique Guilherme, meu colega na Transamérica FM. ”Talvez seria até mais forte, com a experiência e a técnica dele”, completa.

Respeito a opinião e respeito ainda mais o talento e a força física de Ballack. Ainda assim, acho que a contusão do atleta facilitou o trabalho de Low.

Não é no mínimo estranho o time alemão jogar pela primeira vez em muitos anos um futebol tão alegre e veloz, justamente quando seu principal jogador fica de fora?

Ballack tem virtudes diferentes dos jovens Miller e Ozil. Mas parece não ter a mesma criatividade de ambos.

E não tem apresentado nos últimos tempos a mesma explosão física de Podolski, embora este último também tenha sido apenas discreto na temporada pré-Copa.

Enfim, mesmo que possa parecer uma conclusão simplória, realmente creio que a ausência do ex-jogador do Chelsea, por ironia do destino, acabou sendo fundamental para o surpreendente futebol do selecionado alemão até a semifinal.

E quem escreve isso, acreditem, é um grande fã do futebol elegante e da técnica apurada de Ballack. Aliás, cá entre nós, um dos fãs driblados por ele na última segunda-feira, no aeroporto de Johannesburgo.

Por menos de um minuto, fiquei sem uma foto ao lado do craque. Ballack também se tornou um desfalque no meu álbum de fotografias da Copa.

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