domingo, 11 de julho de 2010

Seleção da Copa

Vi quase todos os jogos desta Copa e assim espero não cometer grandes injustiças na seleção que escalarei abaixo.

A minha seleção da Copa do Mundo de 2010! Com escalação baseada nas atuações individuais dos atletas, mas também no que cada um deles contribuiu coletivamente. Baseada ainda nos gols marcados, nos gols evitados, na entrega, superação, aplicação tática e importância para o resultado obtido por seus respectivos times.

Vamos então à seleção do blog Gols, Filmes e Canções!

Casillas (Espanha), Maicon (Brasil), Puyol (Espanha), Friedrich (Alemanha) e Van Bronckhorst (Holanda); Schweinsteiger (Alemanha), Iniesta (Espanha), Sneijder (Holanda) e Müller (Alemanha); Diego Forlan (Uruguai) e David Villa (Espanha)

Como o Mundial teve muitos outros destaques, resolvi escalar também um time reserva. Aí vai!

Stekelenburg (Holanda), Sergio Ramos (Espanha), Lugano (Uruguai), Mertesacker (Alemanha) e Coentrão (Portugal); Pérez (Uruguai), Boateng (Gana), Xavi (Espanha) e Ozil (Alemanha); Messi (Argentina) e Klose (Alemanha).

Gostaria de citar ainda o atacante ganês Gian, os brasileiros Lúcio, Luis Fabiano e Elano, o atacante alemão Podolsky, os atacantes holandeses Kuit e Robben, os argentinos Tevez e Higuain, o volante espanhol Busquets, o goleiro nigeriano Enyeama, o atacante mexicano Hernandez, o meia português Tiago e o meia americano Donovan, entre tantos outros grandes jogadores que não vieram à África a passeio.

Ranking de Gols de Clubes na Copa 2010 - A revanche do Bayern!


Desta vez, o Bayern de Munique derrotou a Inter de Milão. Aliás, derrotou todos os times do planeta.

Com cinco gols de Müller, quatro gols de Klose, um do argentino Demichellis e dois do holandês Robben, o time alemão foi quem mais teve jogadores fazendo gols na Copa da África do Sul.

Curiosamente, o vice-campeão do ranking é a supra-citada equipe italiana, justamente o time que derrotou o Bayern na recente decisão da Liga dos Campeões da Europa.

A Inter teve cinco gols do holandês Sneijder, dois do camaronês Eto'o, um do brasileiro Maicon e um do ganês Muntari: nove no total.

A terceira posição, curiosamente, é do Atlético de Madrid, que aparece assim à frente dos rivais espanhóis Real Madrid e Barcelona. Graças, principalmente, aos cinco gols do uruguaio Forlan.

Bem, vamos então ao ranking completo, atualizado após a decisão e, claro, agora definitivo! Ranking que foi feito inicialmente com absoluta exclusividade pelo blog Gols, Filmes e Canções! Depois, acabou sendo copiado por alguns sites brasileiros.

O que é perfeitamente natural. Afinal de contas, modéstia à parte, a ideia é bem bacana e sacia a curiosidade de torcedores fanáticos que devoram estatísticas e curiosidades sobre o maior campeonato de futebol do planeta!

Lembrando novamente que ao lado dos nomes dos times, aparece entre parênteses o nome da seleção pela qual o clube teve um jogador fazendo gol.

Em alguns casos, quando a equipe é pouco ou nada conhecida, aparece ao lado do nome, após a barra, o país de origem da agremiação.

12 gols

Bayern Munique (Alemanha-9, Argentina e Holanda-2)

9 gols

Internazionale (Brasil, Holanda-5, Camarões-2 e Gana)

8 gols

Atlético de Madrid (Uruguai-5 e Portugal-3)

5 gols

Ajax (Uruguai-3, Sérvia e Dinamarca)
Barcelona (Espanha-3, México e Costa do Marfim)
Real Madrid (Argentina-4 e Portugal)
Valência (Espanha-5)

4 gols

Sevilla (Brasil-3 e Costa do Marfim)

3 gols

Ankaraguçu/Turquia (Eslováquia-3)
Chelsea (França e Costa do Marfim-2)
CSKA Moscou (Japão-2 e Chile)
Los Angeles Galaxy (EUA-3)
Rennes (Gana-3)

2 gols

Alkmaar (Austrália-2)
Almeria (Nigéria-2)
Arsenal (Dinamarca e Holanda)
Bolton (Coréia do Sul-2)
Chivas (México-2)
Colonia (Alemanha-2)
Everton (Nigéria e Austrália)
Feyenoord (Dinamarca e Holanda)
Galatasaray (Brasil-2)
Juventus (Itália-2)
Kashima Antlers (Coreia do Sul-2)
Liverpool (Inglaterra e Holanda)
Manchester City (Argentina-2)
Roma (Brasil e Itália)
Santos (Brasil-2)
Stuttgart (Alemanha-2)
Werder Bremen (Portugal e Alemanha)

1 gol

America do México (Chile)
April 25/CDN (Coréia do Norte)
Auxerre (Eslovênia)
Benfica (Uruguai)
Boca Juniors (Argentina)
Borussia Monchengladbach (EUA)
Brugge (Paraguai)
Fulham (EUA)
Gamba Osaka (Japão)
Gent/Bélgica (Eslovênia)
Gold Coast United/Austrália (Nova Zelândia)
Hamburgo (Alemanha)
Hertha Berlin (Alemanha)
Kaizer Chiefs/África do Sul (África do Sul)
LDU (Paraguai)
Mamelodi Sundowns/África do Sul (África do Sul)
Manchester United (Coréia do Sul)
Midtjylland/Dinamarca (Nova Zelândia)
Milan (Holanda)
Monaco (Coreia do Sul)
Nápoli (Itália)
Olympiakos (Grécia)
Olympique de Marselha (Argentina)
Once Caldas (Chile)
Palermo (Uruguai)
Panathinaikos (Grécia)
Porto (Uruguai)
Portsmouth (Gana)
Saint Étienne (Suíça)
Shimizu Pulse (Japão)
Spartak Trnava/Eslováquia (Eslováquia)
Sporting (Portugal)
Standard Liége (Sérvia)
Sunderland (Paraguai)
Superspot United (África)
Tottenham (Inglaterra)
Veracruz (México)
West Bromwich (Eslovênia)

A primeira vez a gente nunca esquece


Muitas chances de gol criadas, muitas chances incrivelmente desperdiçadas, muita raça, muita luta, muito toque de bola. Não foi uma decisão espetacular, mas foi sim um jogo empolgante.

E a Fúria enfim abraçou o planeta.

Acabou a fama de "amarelona". A Espanha hoje pintou o futebol de vermelho e levantou a mais linda e cobiçada taça do esporte bretão pela primeira vez em sua história. Um título justo pelo que jogou e pelo que tentou jogar neste domingo.

Justo também pelo que a seleção espanhola jogou na competição, mesmo com a derrota na estréia (tornando-se aliás a primeira equipe a conquistar o Mundial com um tropeço na primeira rodada) e com quatro vitórias por 1 x 0 na fase decisiva.

Até porque 1 x 0 não só tem o mesmo valor de um 5 x 0 como é mais bacana do que ganhar nos penais.

E muitas das recentes seleções campeãs, incluindo a Alemanha de 90, o Brasil de 94 e a França de 98, trouxeram na bagagem da bela campanha ao menos um triunfo na disputa por penais. A Espanha não precisou desta “loteria”.

E nem precisaria de prorrogação, caso Villa e Sergio Ramos não tivessem desperdiçado chances incríveis no tempo normal.

Tudo bem, pelo lado holandês, Robben e Mathijsen também perderam oportunidades fantásticas. Mas a Espanha teve mais iniciativa desde os primeiros instantes no já histórico duelo no Soccer City.

Sneijder não decidiu, mas jogou uma bela partida. Iniesta errou mais do que o normal, mas decidiu.

Robben, Xavi e Villa, os outros candidatos a protagonistas da finalíssima, apareceram bastante no jogo, mostraram um pouco de suas virtudes, mas não jogaram tudo o que se esperava deles.

A Holanda havia vencido seus seis jogos anteriores e hoje soube neutralizar em muitos momentos a grande jogada adversária: os toques de bola insinuantes pelo meio, especialmente com Xavi e Iniesta, mas às vezes também com Pedro (quando este recuava) e Xabi Alonso (quando avançava).

Alguém poderá então perguntar: não seria também justo se a Holanda tivesse triunfado?

Talvez não fosse totalmente injusto, mas não seria um desfecho tão belo. A Espanha é menos violenta e mais técnica. Procura mais o ataque e teve um goleador mais eficiente (Villa jogou muito mais que Van Persie).

Afora isso, os times se equivalem no aspecto defensivo, na habilidade de seus meias e atacantes e na eficiência tática. O que explica em parte o equilíbrio em boa parte da partida.

O que não se explica é a “vontade” exagerada de muitos atletas holandeses, que desandaram a bater desde o início do jogo.

Como toda ação tem reação, o time da Península Ibérica também exagerou na dose em alguns momentos.

Mas o excesso de faltas violentas e de cartões não prejudicou o espetáculo. Atrapalhou, no entanto, quem mais fez uso da pancada durante 120 minutos.

O holandês Heitinga foi expulso acertadamente na etapa final da prorrogação. A Espanha, que já vinha dominando o rival, aumentou a pressão com um homem a mais em campo.

E chegou ao gol com o ótimo Iniesta, um dos craques deste Mundial.

Um Mundial, diga-se de passagem, que não teve um Romário, um Ronaldo, um Maradona ou mesmo um Cruyff, que não venceu em 74, mas fez história.

Todavia teve não só Iniesta, mas também Xavi, Forlan, Müller, Sneijder, Oezil, Robben e, vá lá, com um pouco menos de rigor de minha parte, teve também Messi, Luis Fabiano, Luis Suarez, Tiago (ótimo meia português), Donovan e outros.

Foi o Mundial do jogo coletivo, dos bons esquemas táticos e dos jogadores que se multiplicam em campo, casos do atacante holandês Kuit, do zagueiro espanhol Puyol e o do volante alemão Schweinsteiger.

Epílogo

Não sei exatamente como entrará para a história o Mundial da África do Sul. Se um dos melhores ou dos piores dos últimos tempos.

Particularmente, eu gostei bastante. Algumas estrelas deixaram a desejar, assim como algumas seleções. Mas mesmo times que decepcionaram um pouco, como Brasil, Portugal e Argentina, tiveram alguns bons momentos na competição.

O futebol africano também deixou a desejar, mas ao menos um de seus representantes, Gana, foi valente e inspirador.

Chile, Paraguai e Uruguai mostraram serviço, assim como norte-americanos e mexicanos, numa prova de que o futebol eficiente também pode ser jogado do lado esquerdo do Atlântico.

Tivemos alguns excelentes jogos, algumas goleadas históricas e certamente muitos gols e defesas inesquecíveis.

E o que considero muito importante: tivemos um grande campeão, vencendo de maneira limpa e coroando um trabalho fantástico de um grupo diferenciado e um treinador de resultados sensacionais.

A Espanha de Villa, Xavi, Casillas e Iniesta é também a seleção de Vicente Del Bosque, técnico que usou e abusou da categoria de seus comandados, tirando proveito da técnica refinada de uns, da habilidade de outros e da pontaria calibrada de seu principal atacante.

Não quis criar esquemas táticos mirabolantes, facilitando sempre o trabalho de seus atletas dentro das quatro linhas.

Como resultado, a Fúria conseguiu nada menos do que um aproveitamento de 87% de pontos nos 61 jogos que realizou de 2006 (após a Copa da Alemanha) até este domingo.

Foram 52 vitórias, quatro empates e apenas cinco derrotas (três delas no longínquo segundo semestre de 2006).

A Espanha ainda fez dobradinha, ganhando há dois anos a Eurocopa. Apenas a Alemanha, em 72 e 74, havia conseguido ganhar a Copa após vencer a Euro (a França fez o contrário em 98 e 2000, ganhando primeiramente o Mundial).

Não há mesmo como contestar a histórica conquista espanhola.

E é besteira ficar agora tentando colocar defeito nesta fantástica Copa do Mundo. Sei que muitos intelectuais da bola já devem estar fazendo isso. Já este humilde jornalista cheio de defeitos está apenas lamentando o fim de mais um Mundial. E já sonhando com o próximo.

Nos próximos posts, ainda hoje, publicarei minha seleção da Copa e o ranking de gols de clubes.

Até daqui a pouco e parabéns, Espanha!!!

sábado, 10 de julho de 2010

Nos bastidores da notícia - Parte II

Já escrevi algumas vezes que cobrir uma Copa do Mundo é muito mais do que acompanhar a nossa seleção, transmitir jogos, noticiar e comentar os principais fatos do maior evento do futebol mundial.

Estar numa Copa é também poder rever velhos companheiros da imprensa, fazer novos amigos, conhecer antigos e novos ídolos e conviver durante mais de um mês com alguns dos principais nomes da imprensa mundial.

Abaixo, alguns momentos de confraternização nos corredores e estúdios do IBC, o bonito e confortável centro de imprensa internacional da Copa da África do Sul.


Nos estúdios da Rede Globo, com Casagrande (velho companheiro de Transamérica) e os fantásticos narradores Cléber Machado e Luiz Roberto.


Com o sensacional Paulo Soares, o "Amigão" da ESPN Brasil. E não estranhem a bonita camisa que este jornalista está vestindo na foto. Em tempos de Copa do Mundo, abrimos uma exceção para usar camisas de times em locais de trabalho!


Foto histórica no Hotel Mapungubwe, em Johannesburgo. Quase toda a equipe Transamérica reunida em solo sul-africano. Os narradores Éder Luiz, Antonio Edson e Oswaldo Maciel, os repórteres Roberto Carmona, André Galvão e Marco Bello, o apresentador Marcio Bernardes, os comentaristas Henrique Guilherme e José Eduardo Savóia, o diretor superintendente Luiz Guilherme Albuquerque e o operador de som Márcio Sampa, além deste apresentador e blogueiro. Só faltou o craque Neto, mas ele aparecerá em fotos abaixo.


Com o simpático Renato Marsiglia, ex-árbitro e comentarista da Rede Globo


Nos estúdios da Transamérica, também no IBC, com Marco Bello, Roberto Carmona, Oswaldo Pascoal (Rádio Globo), Antonio Edson, Neto e Marcio Bernardes.


Com os amigos da rádio Eldorado/ESPN, no estúdio da mesma: o coordenador Ari Pereira Junior, o âncora Marcelo Di Lallo, o repórter Sergio Loredo, o operador State e o narrador Rogério Vaughan (além de Antonio Edson, da Transamérica FM).


Almoçando no shopping Southgate, com Neto e Antonio Edson.

Mais números sobre a decisão

Espanha x Holanda! Primeira final de Copa dos espanhóis. Terceira dos holandeses. Oitava decisão com duas seleções europeias. Primeira final da história sem a presença de pelo menos um dos quatro maiores finalistas da competição: Brasil (sete vezes finalista), Argentina (quatro), Alemanha (sete) e Itália (seis).

A Holanda repete a façanha das seleções brasileiras de 70 e 2002, que venceram todos os jogos até chegarem à decisão. Outros finalistas que chegaram com 100% de aproveitamento à final foram Argentina (1930), Uruguai (também em 30), Itália (38) e Hungria (54).

Por outro lado, a Espanha mostrou o mesmo poder de recuperação de Alemanha Ocidental (1982), Argentina (1990) e Itália (1994), seleções que perderam na estreia, mas conseguiram dar a volta por cima e chegar à grande decisão.

Sneijder e Villa brigam pelo título e pela artilharia da Copa. Em apenas quatro oportunidades, o campeão do Mundial teve também o artilheiro do torneio: em 34, com o italiano Angelo Schiavo; em 78, com o argentino Mario Kempes; em 82, com o italiano Paolo Rossi; e em 2002, com o brasileiro Ronaldo.

A Holanda jogará neste domingo com o tradicional uniforme laranja. A Espanha terá de jogar de azul.

Em 58, o Brasil conquistou seu primeiro título com seu uniforme de número 2. Com o mesmo azul, a "cor do manto de Nossa Senhora Aparecida", como disse à época o Marechal da Vitória, Paulo Machado de Carvalho.

E um último detalhe interessante: existe a chance de pela primeira vez a Copa do Mundo ser vencida pelo país do campeão do torneio de Wimbledon na mesma temporada. No caso, Espanha e Fernando Nadal.

E por ironia do destino, qual foi até aqui a única equipe que conseguiu bater a Fúria neste Mundial?

A Suíça, de Roger Federer, maior rival de Nadal.




quinta-feira, 8 de julho de 2010

Lavando as mãos

Em muitas décadas do abominável regime político do Apartheid, tão ou mais triste do que a covardia e o preconceito dos antigos líderes africaners do país da Copa foi a neutralidade seguida por grandes nações do Globo.

Especialmente EUA e Inglaterra, parceiros econômicos de longa data dos sul-africanos. Os dois países, que tanto se preocupam historicamente com os mandos e desmandos de ditadores do Oriente Médio, ficaram décadas sem mover uma palha pela libertação de Mandela ou pelo fim do regime maldito.

Seguiram o exemplo de Pôncio Pilatos e ignoraram o sofrimento alheio. A população branca, em sua grande maioria, também lavou as mãos para o problema dos compatriotas negros.

E o que tudo isso tem a ver com futebol, pode a esta altura estar se perguntando o simpático leitor.

A princípio, quase nada. Mas é que a África do Sul foi palco nesta quinta-feira de mais uma lavada de mão histórica.

E desta vez, de nenhum sul-africano branco, muito menos de um lorde inglês. Quem pisou na bola, usando um termo futebolístico para voltarmos a um assunto ligado à bola, foi o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

Exatamente como acontece no futebol, a vida política também traz altos e baixos. E tudo pode mudar num único lance.

Pois bem, nosso ilustre chefe de estado havia marcado um golaço recentemente ao dizer que o presidente da CBF deveria ficar apenas oito anos no poder (dois únicos mandatos, portanto).

Porém, durante o lançamento oficial do logotipo (por sinal, muito bem desenhado) da próxima Copa do Mundo (a segunda em solo brasileiro), Lula deu um chute de bico no bom senso.

Após algumas horas de conversa com Ricardo Teixeira, o presidente surpreendentemente adotou outro discurso ao ser indagado pela imprensa sobre a questão.

Limitou-se a dizer que não iria se meter num discussão sobre uma entidade privada. Que tinha problemas maiores com os quais se preocupar

Resumindo, lavou as mãos!

Privada ou não, a CBF não é exatamente um banco ou uma rede de supermercados. Não foi criada por Ricardo Teixeire e nem inventada por nenhum empresário.

Simplesmente surgiu para organizar e representar o esporte mais popular do país. E isso deve ser feito, ora bolas, com democracia.

Não tem o menor cabimento um cidadão controlar o futebol de um país (e um país pentacampeão) por incríveis 21 anos.

"Assim querem as federações de futebol de todos os estados", ainda alegou Lula.

Mas não deveriam querer, presidente. Assim como ninguém deveria querer um terceiro mandato para Lula, seja ele o melhor ou o pior presidente da história.

O continuísmo é terrível na política, no futebol e em tantos outros campos. Ricardo Teixeira já fez bastante pelo futebol brasileiro. Tanto para o bem, quanto para o mal.

É hora de nosso futebol respirar novos ares.

"Comentarista" Bianchi lamenta eliminação precoce do Brasil


Quatro vezes campeão da Libertadores, o técnico argentino Carlos Bianchi é mais uma grande estrela que está à trabalho, mesmo que fora de campo, na Copa da África.

O ex-treinador do Velez Sarsfield (com o qual ganhou sua primeira Libertadores, em 94) e do Boca Juniors (time pelo qual conseguiu os outros três troféus continentais de sua galeria) foi contratado para comentar a Copa pela rede mexicana Televisa.

Não tive a oportunidade de vê-lo em ação com o microfone em punho, mas certamente Bianchi deve ter agradado aos telespectadores.

Simpático e tranquilo, o treinador nunca foi de fazer média com ninguém. Tanto é verdade que sempre contestou alguns métodos de trabalho de Julio Grondona, o "Ricardo Teixeira da AFA (Associação de Futebol Argentino)".

Não fosse sua sinceridade nas críticas ao dirigente e certamente já teria passado pela seleção argentina (digo como técnico, pois como jogador, marcou sete gols em 14 apresentações com a fantástica camisa azul e branca).

Para minha alegria, Bianchi está hospedado no mesmo hotel que a equipe da Transamérica FM: o agradável Mapumgubwe Hotel, em Marshall Town, principal centro financeiro da maior metrópole sul-africana.

Na semana passada, ao encontrar Bianchi na recepção, pedi para tirar uma foto com ele.

Extremamente educado, Bianchi fez mais do que sorrir para minha digital. Ao perceber que eu era brasileiro, começou a falar sobre a eliminação do time de Dunga, lamentando o que chamou de "grande oportunidade perdida".

Para Bianchi, o Brasil poderia ter ido mais longe na Copa: "nós, argentinos, sabíamos que só chegaríamos à final ou mesmo à semifinal com um pouco de sorte. Sabíamos que a Alemanha tinha mais time. Mas o Brasil não era inferior aos holandeses. Tanto é verdade que dominou o jogo no primeiro tempo", analisou.

Concordei com o comentário e fiquei feliz ao poder, mesmo que por alguns segundos, discutir futebol com um profissional tão vencedor e competente.

Mas o simpático sorriso de Bianchi pouco serviu para a foto, como vocês podem notar abaixo.

A foto fez mais ou menos o mesmo que alguns times brasileiros quando tiveram o Boca de Bianchi pela frente na Libertadores: tremeu!

A sonhada taça em novas mãos!

A Holanda fez valer seu favoritismo diante dos uruguaios, jogou mais que o rival sulamericano e ganhou com justiça o direito de disputar pela terceira vez uma final de Copa.

A Espanha não era favorita contra a Alemanha. Tampouco era zebra. Porém, num duelo europeu programado para ser equilibrado, o melhor time do velho continente dos últimos quatro anos foi bem superior ao melhor time europeu das últimas quatro semanas.

A seleção alemã ontem não foi nem sombra do time que havia goleado Inglaterra e Argentina. Pior, nenhum zagueiro alemão viu a sombra cabeluda de Puyol chegando à área aos 27 minutos da etapa final.

O zagueiro do Barça fez seu primeiro gol na Copa e, pelo menos por enquanto, fez o gol mais importante da história de seu país.

Mas o gol poderia também ter sido de Iniesta, de Xavi, de Villa... Não faltaram oportunidades para a Fúria!

Fim do sonho do tetra para os alemães. Pela terceira Copa seguida, o time sofre a desilusão de chegar à semifinal e não levantar a taça!

Fica a esperança de uma grande equipe para voltar a sonhar em 2014. O Mundial da África deve ter sido o último de cinco ou seis titulares, mas tem tudo para ter sido apenas o primeiro de uma série dos jovens Müller, Ozil, Badstuber, Khedira e o goleirão Neuer.

Vale lembrar também que Podolski, apesar de duas Copas, muitos gols e algumas fases irregulares na carreira, só tem 25 anos. Ou seja, também poderá brilhar nos gramados brasileiros daqui a quatro anos.

Já a Espanha ainda tem quatro deliciosos dias para nem pensar na Copa de 2014. O inédito e perseguido título mundial nunca esteve tão próximo.

E como a Holanda também nunca foi campeã, um inédito título mundial será conquistado pela primeira vez depois de 12 anos (o último "novo campeão" foi a França).

E um inédito título mundial para uma seleção que não atua em casa será conquistado depois de longos 52 anos.

O último time forasteiro a conquistar seu primeiro título foi o Brasil, em 58. Desde então, só tivemos novos campeões ganhando em casa (Inglaterra, em 66; Argentina, em 78; e a já citada França, em 98).

Particularmente, fiquei feliz com a classificação das duas seleções. Não estava torcendo contra alemães ou uruguaios, mas acho ótimo que a mesmice tenha sido driblada em gramados sulafricanos.

Ao longo da história, húngaros, checos, suecos, portugueses e os próprios espanhóis e holandeses chegaram perto, mas sucumbiram diante dos ganhadores de sempre.

Desta vez, um destes últimos voltará a bater na trave. Mas o gol finalmente sairá para o outro. Teremos enfim um novo integrante no seleto clube dos grandes vencedores de Copas.

O vôo de Puyol

Um post apenas para enaltecer o gol fantástico do zagueiro Puyol. Gol catalão! Gol nascido no Barcelona.

Escanteio batido por Xavi e o cabeceio sensacional de Puyol.

Dois jogadores nascidos na base do Barça. Nascidos, crescidos e com grandes chances de jogarem por toda a vida na equipe catalã.

Mas o detalhe do gol foi a explosão de Puyol!

Correu para a área como um atleta da prova dos 100 metros rasos. Pulou com a impulsão de um campeão de salto triplo. E bem, cabeceou como um grande zagueiro. Ou um centroavante.

Bola na rede alemã! Um gol histórico. Gol de classificação inédita. O gol da vida do defensor espanhol.

Fora da Copa, da África e do meu álbum de fotos


Fim de tarde da última segunda-feira, aeroporto internacional Oliver Tambo, em Johannesburgo. Um passageiro alto e bem vestido começa a chamar a atenção de muitos outros na área do check-in de uma famosa companhia aérea alemã.

Adolescentes e jovens notam o rapaz e logo começam a assediá-lo, tirando fotos e pedindo autógrafos.

O personagem em questão, protagonista de sua seleção nos dois últimos Mundiais, era o agora coadjuvante Michael Ballack.

Ao contrário do que alguns sites e jornais brasileiros publicaram, o talentoso armador alemão não viajou na última terça-feira.

O embarque aconteceu um dia antes, sem grandes confusões.

Após fazer o check-in e tirar pouco mais de cinco ou seis fotos com torcedores, Ballack deu um drible nos fãs e conseguiu escapar por trás do galpão da companhia aérea.

Deixou a África do Sul pela porta dos fundos? Claro que não. O atleta não teve culpa em sua contusão e ainda fez sua parte como torcedor e ex-capitão.

Viajou até a África, apoiou os companheiros de seleção, vibrou nos gols dos amigos e não mostrou qualquer traço de inveja ou tristeza por estar de fora num momento de tanto brilhantismo da equipe.

Mostrou até mesmo ser pé-quente, pois a seleção só perdeu quando ele já estava longe, em solo europeu.

Mesmo assim, alguns jornalistas aproveitaram a desgraça do atleta para destacar que o ambiente da equipe de Joaquin Low foi bem mais tranqüilo sem sua vaidade.

Não conheço obviamente o jogador para saber se o que dizem os repórteres alemães é verdade. Mas isso pouca importa.

O que acho realmente relevante é insinuar a providencial assistência do destino para o ótimo funcionamento do esquadrão de Low.

Sem Ballack, o time germânico ficou mais rápido, mais solto, menos burocrático.

Há quem discorde: “com Ballack em campo, nem que o talentoso Ozil tivesse que ser sacrificado (saindo do time titular), a Alemanha também teria uma grande equipe”, aposta o comentarista Henrique Guilherme, meu colega na Transamérica FM. ”Talvez seria até mais forte, com a experiência e a técnica dele”, completa.

Respeito a opinião e respeito ainda mais o talento e a força física de Ballack. Ainda assim, acho que a contusão do atleta facilitou o trabalho de Low.

Não é no mínimo estranho o time alemão jogar pela primeira vez em muitos anos um futebol tão alegre e veloz, justamente quando seu principal jogador fica de fora?

Ballack tem virtudes diferentes dos jovens Miller e Ozil. Mas parece não ter a mesma criatividade de ambos.

E não tem apresentado nos últimos tempos a mesma explosão física de Podolski, embora este último também tenha sido apenas discreto na temporada pré-Copa.

Enfim, mesmo que possa parecer uma conclusão simplória, realmente creio que a ausência do ex-jogador do Chelsea, por ironia do destino, acabou sendo fundamental para o surpreendente futebol do selecionado alemão até a semifinal.

E quem escreve isso, acreditem, é um grande fã do futebol elegante e da técnica apurada de Ballack. Aliás, cá entre nós, um dos fãs driblados por ele na última segunda-feira, no aeroporto de Johannesburgo.

Por menos de um minuto, fiquei sem uma foto ao lado do craque. Ballack também se tornou um desfalque no meu álbum de fotografias da Copa.

sábado, 3 de julho de 2010

Klose to Goal

Mais alguns ótimos números do polonês naturalizado Klose, por hora artilheiro deste Mundial.

O jogo de hoje contra a seleção argentina foi o centésimo do atacante com a camisa da seleção. Já é o sétimo atleta com o maior número de partidas com a equipe alemã.

Com os dois gols contra os argentinos, Klose chegou a marca de 52 pela Alemanha. É o terceiro maior artilheiro da história da seleção, atrás apenas de Streich (55) e Gerd Müller (68).

Números que inspiram o trocadilho em inglês com o nome do artilheiro, citado na manchete deste post. Klose está sempre "close to goal" (perto do gol).

Argentinos viram fregueses! E Alemanha mais favorita do que nunca!


Nas últimas seis Copas, a Argentina caiu diante da Alemanha em três. Virou freguês. Nas outras três, perdeu para Romênia (94), Holanda (98), Suécia e Inglaterra (as duas últimas eliminaram os argentinos ainda na primeira fase, em 2002).

Em nenhum dos cinco fracassos anteriores, no entanto, a Argentina havia sido esmagada como nesta tarde, em Cape Town. Aliás, desde o Mundial de 74, quando levou de 4 x 0 da Holanda, los hermanos não perdiam de maneira tão incontestável.

Foi um chocolate! Uma lavada para o arrogante Diego Maradona não esquecer tão cedo.

Com direito a dois gols de Miroslav Klose (foto abaixo), novo artilheiro da Copa, ao lado de outros cinco goleadores: David Villa, Sneijder, Vittek, Higuain e outro alemão, Thomas Müller.

O último, xará de Gerd Müller, até este sábado, artilheiro alemão isolado na história das Copas. Agora, Müller e Klose dividem a primazia com 14 gols.

A diferença é que Müller está aposentado há décadas e Klose disputará, salvo algum problema, pelo menos mais dois jogos: semifinal e decisão (ou disputa pelo terceiro lugar).

E mais. O atacante do Bayern de Munique pode se tornar o primeiro jogador da história a conquistar a artilharia em duas Copas (foi o máximo goleador em 2006). E está a um gol de igualar o brasileiro Ronaldo (15 gols em Mundiais).

Em compensação, Lionel Messi repete Kaká, Lampard, Rooney, Pirlo, Henry e outros craques que deixarão a África sem marcar um golzinho sequer.

Porém, eliminado ou não, Messi lutou muito neste sábado e jogou demais nas outras quatro partidas.

CADEIRA CATIVA NAS SEMIFINAIS - Chegando pela décima-segunda vez a uma semifinal (em 17 Copas disputadas), a seleção alemã é recordista neste quesito (o Brasil, que é recordista em quase todos os outros números, ficou apenas dez vezes entre os quatro primeiros).

É também dona do melhor ataque deste Mundial, com 13 gols. E certamente é dona do melhor futebol da competição. Pelo menos até aqui.

E pensar que Klose e Podolsky tiveram péssimos rendimentos por seus clubes na temporada 2009/2010. E que Müller e Ozil eram apenas promessas para este Mundial. Imagine quando virarem certeza!

Com Holanda e Uruguai na outra semifinal, times que teoricamente estão um degrau abaixo da atual geração germânica, é bem possível que a decisão para os alemães seja mesmo no próximo jogo, diante dos espanhóis. Isso, claro, se a seleção paraguaia não protagonizar uma zebra do tamanho da América do Sul.

O novo vilão da seleção!


O holandês Sneijder interpreta nesta Copa o papel que já foi de Paolo Rossi, Caniggia, Zidane, Giggia e outros.

Fez o gol da vitória holandesa e ainda cruzou a bola que originou o gol contra de Felipe Mello. Fosse eu o árbitro e daria o gol para o holandês. Melhor enaltecer o mérito do atacante do que eternizar o erro do defensor.

A FIFA concorda comigo e hoje, após uma reunião de um grupo de estudos técnicos, decidiu dar a autoria do primeiro gol para o craque da Inter.

Desta maneira, o novo vilão de nossa seleção se torna o oitavo jogador da história a marcar mais de um gol num mesmo jogo contra o time brasileiro.

O espanhol Langara (em 34), o suíço Fatton (em 50), o húngaro Kocsis (em 54), o português Eusébio (em 66), o polonês Lato (em 74) e o francês Zidane (em 98) também fizeram dois gols num só confronto.

Paolo Rossi, como todos lembram, fez três em Barcelona, na Copa de 82.

E o polonês Willimowski é o recordista, tendo feito quatro gols no Brasil em 38. Para a nossa sorte, porém, Leônidas também fez quatro e Perácio e Romeu também marcaram, garantindo a vitória verde e amarela por incriveis 6 x 5.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Continuamos pentas! E o hexa vira lição de casa!


Agora começa a caça às bruxas. É o desequilibrado que levou o vermelho, o zagueiro que esteve irreconhecível, o técnico que não convocou esse e aquele, o camisa 10 que não divide uma bola...

Foram muitos erros, sem dúvida. Mas sempre que o Brasil perde uma Copa, fico com a sensação de que o brasileiro é o torcedor mais arrogante do planeta.

Nunca perdemos para o adversário. Sempre caímos em razão de centenas de erros de uma série de incompetentes, incluindo jogadores, técnico, médico, assessor de imprensa, roupeiro...

Mas o futebol não é tão simples assim. Nem sempre o melhor vence, nem sempre ganha quem erra menos. E nem sempre quem perde merece a derrota.

Não quero aqui tirar os méritos da lutadora seleção da Holanda. A idéia é ilustrar que do lado de lá também aconteceram erros e mesmo assim eles venceram.

O Brasil jogou um belíssimo primeiro tempo. Robinho arrebentou, Felipe Mello deu uma assistência magistral, Gilberto Silva ganhou quase todas no meio campo e Kaká acertou um belo chute no ângulo.

Na volta do intervalo, no entanto, todos os acertos da primeira etapa viraram pó com alguns erros individuais.

Juan esteve irreconhecível, Felipe Mello fez exatamente o que se esperava dele (perdeu a cabeça) e até Júlio César falhou de maneira bizarra.

Dois gols em poucos minutos e a seleção parou em campo. Sentiu o gosto amargo da derrota, mesmo que parcial, e se assustou.

E durante esses poucos minutos de pane, minutos decisivos para a história dessa Copa, Felipe praticamente jogou a classificação no lixo com um pontapé maldoso. Pontapé de gente que não merece disputar uma Copa.

E na presença de Felipe e na ausência de Ganso e Ronaldinho, talvez estejam exatamente os maiores erros de Dunga.

Mas não quero condenar ninguém. Por mais que a tristeza seja enorme em nossos corações, tudo isso é apenas futebol. Ninguém errou de propósito.

Lamento apenas que o jogador de quem mais se esperava algo diferente tenha sido tão igual aos outros, tecnicamente falando. E tão diferente na luta, nas divididas, na briga pela bola.

Definitivamente, Kaká não está no mesmo nível de Rivaldo, de Romário e de Ronaldo, que acataram a divina responsabilidade de liderar, decidir e vencer. E nem mesmo no patamar de Zico, Falcão e Careca, que também perderam Copas, mas lutando.

Kaká deu belos passes nesta Copa e hoje acertou uma bola no ângulo do gol holandês, lamentavelmente defendida pelo heróico Stekelenburg. Não merece ter no currículo a culpa por um Mundial perdido.

Mas o Brasil não merecia um craque tão insolente, tão paciente... Kaká joga muito, como Rooney, Cristiano Ronaldo, Eto’o e Ribery. E assim como eles, decepcionou em solo sul-africano. Poderia ter sido o líder do hexa. Volta pra casa como coadjuvante de mais uma queda nas quartas-de-final.

Mas o planeta bola gira, a vida segue e o sonho do Hexa se transforma, a partir deste instante, em lição de casa.

Fica para o Brasil, daqui a quatro anos. Deixemos então a bola rolar. Sem pressa e sem execrar ninguém.


P.S. Parabéns ao goleiro Júlio César por assumir o erro sem frescura, sem inventar desculpa, sem alegar absolutamente nada. Apenas “errei” e acabou.

Parabéns ao zagueiro Lúcio, que apesar de um ou outro erro em razão de afobação, lutou como nunca.

E parabéns ao volante Gilberto Silva, pela tristeza sincera nas entrevistas após a derrota.

No mais, parabéns a um time que ganhou quase tudo o que disputou em quatro anos. Não venceu o título mais importante, é verdade, mas apenas um entre 32 times será o vencedor. Faz parte do jogo.

Brasil e Holanda, uma história em quatro capítulos!

Julho de 1974. Então atual campeã e já ostentando três Copas no currículo, a seleção brasileira se preparava para mais um jogo decisivo na competição.

Depois de uma campanha decepcionante na primeira fase, o time de Zagallo havia se recuperado no quadrangular semi-final, batendo Alemanha Oriental e Argentina.

Restava em seu caminho, para chegar a sua quinta decisão, o carrossel holandês do técnico Rinus Michels, time sensação daquele Mundial.

Comandada por Cruyff, a “Laranja Mecânica” já havia esmagado uruguaios (2 x 0), búlgaros (4 x 1), alemães orientais (2 x 0) e argentinos (4 x 0).

Resultados significativos e expressivos para toda a imprensa mundial. Mas não para o técnico Zagallo. Fanfarrão, o Velho Lobo soltou essa pérola antes da partida: “Não tenho medo deles. Vamos descascar essa ‘laranja’”.

O final da história todo mundo sabe. Cruyff, Neeskens, Krol e cia desfilaram no gramado do Westfallenstadium, em Dortmund, esmagando a nossa seleção, um verdadeiro bagaço ao final da partida.

Julho de 94. Vinte anos depois do passeio holandês, Brasil e Holanda voltam a se enfrentar numa Copa. O palco era a quente cidade de Dallas, no estado norte-americano do Texas.

Nossa seleção não teria Leonardo, lateral expulso no jogo anterior, contra os donos da casa. Temor entre jornalistas e torcedores brasileiros!

A preocupação era com a condição física do reserva Branco e com o atacante holandês Overmars, considerado o jogador mais rápido daquele Mundial.

Como Branco, já em final de carreira, conseguiria parar o ponta mais veloz do mundo?. Essa pergunta foi repetida à exaustão nos dias que antecederam ao jogo. “Teria sido mesmo melhor ter convocado Roberto Carlos, que estava ‘voando’ no Palmeiras”, completavam outros.

E então, com a bola deslizando pelo gramado do Cotton Bowl, outro final surpreendente. Overmars jogou pouco, Branco deu conta do recado na marcação e ainda cavou a falta que originaria o terceiro gol brasileiro.

Não só cavou, como bateu e acertou o canto esquerdo do arqueiro holandês. O time verde, amarelo, azul e Branco chegava a uma semifinal de Copa pela primeira vez em 24 anos (havia ficado entre os quatro primeiros em 74 e 78, mas na época, não havia semifinais).

Julho de 98. Terceiro embate entre sulamericanos e europeus. Desta vez, sem Cruyff ou Romário. Ou seja, sem favoritismo de um lado ou outro.

Novamente a seleção brasileira não teria um de seus laterais titulares. Cafu estava suspenso. Zé Carlos, que o mundo (e boa parte também do Brasil) não conhecia, era seu substituto.

O lateral sãopaulino havia feito um bom campeonato paulista naquele ano, impressionando o técnico Zagallo. E sua convocação impressionou boa parte da nação.

Preocupação ou empolgação? Muita gente apostava que Zé Carlos poderia surpreender os holandeses. Outros mostravam receio com sua inexperiência internacional.

Estes últimos estavam com a razão. Zé Carlos entrou nervoso em campo e não jogou bem. Não comprometeu, é verdade, mas errou lances tolos.

Mas o atacante Ronaldo, então grande estrela daquele Mundial, não errou a única chance que teve no tempo normal, abrindo o placar.

Quando a laranja já parecia apodrecida, Kluivert subiu mais alto que a zaga brasileira e plantou uma nova semente holandesa no campo francês.

Veio então a prorrogação, mas não vieram as chances de novos gols. E nas penalidades, o famoso “vai que é sua Taffarel”, do locutor Galvão Bueno, embalou mais uma classificação brasileira à decisão.

Julho de 2010 - Pela quarta vez, Brasil e Holanda num jogo decisivo em Copas. Pela terceira vez, o Brasil jogando de azul contra os holandeses (e pela décima vez, contando partidas contra outros adversários).

Ligeiro favoritismo para o time verde e amarelo. Quer dizer, para o time azul! E que dê um branco nos adversários laranjas!


quinta-feira, 1 de julho de 2010

Jogado aos leões II

Escrevi agora há pouco sobre o técnico Dunga e citei a expressão "jogado aos leões", lembrando de minha preocupação à época de seu início de trabalho como treinador da seleção.

A expressão volta na manchete e conteúdo deste novo post para destacar uma experiência "selvagem" e muito divertida que tive aqui em Johannesburgo, no último final de semana.

Ao lado dos amigos Antonio Edson e Roberto Carmona, conheci o Lion Park (Parque dos Leões), localizado a 40 minutos do centro de Jo'Burg (depois de quase trinta dias por aqui, já criei certa intimidade com Johannesburgo, usando o nome pelo qual a metrópole é chamada pela população local).

Não é exatamente um safari, mas trata-se de um passeio imperdível para crianças e adultos.

Você tem a opção de percorrer os campos de leões, cheetas, zebras e hienas, entre outros animais, com seu próprio carro ou com o veículo do parque, uma espécie de caminhonete.

O detalhe é que nos carros normais, ao contrário do que acontece no Simba Safari, em São Paulo, não se coloca nenhuma grade ou proteção. Os funcionários do parque apenas recomendam que os turistas não abaixem os vidros e, obviamente, não desçam do veículo.

E tome emoção. Chegamos a poucos metros dos leões e tiramos belas fotos (abaixo). Os machos pouco se mexeram durante toda a jornada, concentrados em suas "suculentas" refeições (e vale registrar que vemos ossos e carcaças de animais por todos os lados do parque).

Já algumas leoas passearam tranquilamente ao redor dos carros, fazendo a alegria dos visitantes e fotógrafos amadores.

Depois do safari "artificial", já que passeamos por campos cercados, tivemos a chance de viver outro momento mágico!

Entramos na jaula de pequenos leões, ainda filhotes. Não muito pequenos, diga-se de passagem (não dava por exemplo pra pegá-los), mas aparentemente dóceis e inofensivos.

Outra possibilidade no simpático parque é alimentar e tocar em girafas. Resolvi pular a parte da alimentação, já que não é exatamente confortável ter a língua da girafa enrolada em sua mão, com direito a uma baba fina, porém bastante longa.

Mas tirei foto ao lado da mesma e cliquei o amigo Tonicão a acariciando sem medo de ser feliz.












Jogado aos leões!


Quando foi anunciado como novo técnico da seleção brasileira, em 2006, o ex-jogador Dunga recebeu uma enxurrada de críticas de jornalistas, torcedores e, principalmente, treinadores.

Os chamados "professores" ficaram indignados pela escolha de um principiante. Tinham um pouco de razão, já que o capitão do Tetra pulou várias etapas para assumir o cargo mais importante do futebol brasileiro.

Na verdade, as críticas maiores foram dirigidas ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, responsável pela escolha.

Eu mesmo disse, com um pouco de preocupação, que Dunga tinha sido jogado aos leões. Que talvez não conseguisse se impor diante de jogadores já experientes, acostumados a trabalhar com alguns dos melhores treinadores do planeta.

Felizmente, eu me equivoquei. Ouvi também de muita gente, durante os dois primeiros anos de trabalho do treinador, que ele não duraria até a Copa: "Na hora do 'vamo ver', o Dunga cai e entra o Felipão ou o Luxemburgo".

Como se sabe, nenhum dos dois retornou à seleção e Dunga ganhou tudo o que disputou, pelo menos até agora.

Se o Brasil passar pela Holanda (seria a terceira vitória seguida do treinador diante do adversário europeu em Copas - as duas primeiras, em 94 e 98, foram como jogador) e ganhar posteriormente o Hexa, Dunga entrará para a história como o técnico da seleção mais vencedor num período entre Copas (ganhou a Copa América em 2007, a Copa das Confederações em 2009 e a primeira colocação nas eliminatórias).

Seria mais uma resposta fantástica do capitão do Tetra aos críticos!

Nos estúdios do IBC - E Brasil praticamente escalado!


E a gostosa rotina de escrever e falar sobre futebol aqui na África continua. Depois de uma tarde de folga no bonito Melrose Arch, um enorme shopping ao ar livre aqui de Johannesburgo, cá estou eu novamente nos estúdios da Transamérica, no IBC (centro de imprensa).

A foto acima foi tirada há poucos minutos, durante o programa Papo de Craque - Segunda Edição. Ao meu lado, os locutores Oswaldo Maciel (de pé) e Antonio Édson (sentado, ao fundo).

Estamos no intervalo, daí esse tempinho para um novo post. O repórter André Galvão, direto de Port Elizabeth (cidade onde Brasil e Holanda jogam amanhã), acabou de passar o provável time brasileiro para a partida: Julio César, Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos; Gilberto Silva, Felipe Mello, Daniel Alves e Kaká; Robinho e Luis Fabiano.

Assim como o volante Felipe, o meia Julio Batista também treinou normalmente hoje (está praticamente recuperado de dores no joelho esquerdo) e provavelmente será liberado para o jogo, ficando no banco de reservas.

Palpite pra amanhã? Vamos lá: 2 x 1 sofrido para a seleção brasileira!

As emoções das quartas-de-final no caminho verde e amarelo


A seleção brasileira viverá amanhã (sexta-feira), em Port Elizabeth, pela décima-primeira vez a emoção de uma partida de quartas-de-final em Copas do Mundo.

O retrospecto nesta fase da competição é altamente favorável ao time canarinho. Nas dez disputas anteriores, fomos eliminados em apenas três oportunidades.

Em 54, derrota para a poderosa Hungria, por 4 x 2, na chamada “Batalha de Berna” (foto acima); em 86, empate por 1 x 1 com a França no tempo normal, 0 x 0 na prorrogação e derrota nas penalidades; e no último Mundial, em 2006, novamente tombamos diante do selecionado francês: 1 x 0, gol de Henry e show de Zidane.

Já os triunfos vieram em 1938 (1 x 1 e depois 2 x 1 num jogo-desempate diante da antiga Tchecoslováquia), 1958 (1 x 0 sobre País de Gales, no jogo que teve o primeiro gol de Pelé em Copas do Mundo), 1962 (3 x 1 sobre a Inglaterra), 70 (4 x 2 no Peru), 94 (3 x 2 na mesma Holanda de amanhã - foto abaixo), 98 (3 x 2 na Dinamarca) e 2002 (2 x 1 sobre os velhos fregueses ingleses).

O Brasil foi eliminado antes das quartas-de-final apenas nos Mundiais de 34, 66 e 90. Em 30, a seleção também caiu precocemente, mas não havia na época fase de quartas-de-final (os melhores de cada chave já pulavam para a semifinal). O regulamento também era diferente em 74, 78 e 82, quando o Brasil ficou entre os oito primeiros.

FRASE DO DIA!

"Depois do que ele disse, tenho de concordar com Pelé e Platini. Maradona é mais um palhaço do que um técnico".

A declaração foi dada ontem (quarta-feira) pelo ex-jogador da Juventus de Turim e seleção italiana, Gentile, em entrevista ao jornal Gazzetta dello Sport.

Campeão do mundo com a Squadra Azurra em 82, Gentile ficou irritado ao saber que havia sido citado pelo técnico da seleção argentina como exemplo de atleta violento.

Ao criticar a arbitragem do jogo Argentina x México, que teria permitido uma "caça" mexicana ao craque Messi, Dieguito disparou: "O que acontece? Voltamos à época de Gentile?".

Cinco vezes campeão italiano pela Juventus, Gentile jamais levou um cartão vermelho por falta violenta, mas não era exatamente um atleta dócil com os rivais.

Na Copa de 82, distribuiu diversos pontapés no próprio Maradona e rasgou a camisa do brasileiro Zico (em lance dentro da área italiana, ignorado pelo árbitro israelense Abraham Klein).