segunda-feira, 22 de junho de 2009

Inversão de papéis

Há pouco menos de dois anos, Corinthians e São Paulo se enfrentaram no Morumbi, pelo segundo turno do Brasileirão de 2007, vivendo situações totalmente antagônicas. Algo, aliás, bastante rotineiro na história do clássico.

Na oportunidade, o Tricolor precisava de mais alguns pontinhos para conquistar o bicampeonato nacional, enquanto o adversário necessitava de muitos pontos para se livrar de um vexatório rebaixamento. Além disso, o time do Morumbi não perdia do rival há mais de quatro anos.

Surpreendentemente, o Coringão venceu aquela partida por 1 x 0, quebrando assim o indigesto tabu. Não conseguiria se livrar do calvário da Série B, como bem sabemos, mas deu início naquela tarde de domingo a um novo tabu.

E quem poderia imaginar que 20 meses depois, na primeira vez que as equipes se enfrentariam pela Série A, desde aquele triunfo alvinegro, os papéis estariam totalmente invertidos.

O Corinthians vinha de um grande resultado no primeiro jogo da decisão da Copa do Brasil, vinha também de um título estadual invicto e de duas vitórias seguidas sobre o rival nas semifinais do Paulista, além de um tabu de seis jogos e mais de dois anos sem derrota para o Tricolor.

Enquanto que o São Paulo chegava ao jogo sem treinador, sem a principal contratação para a temporada (Washington, afastado por má fase física), com apenas uma vitória nos últimos oito jogos e apenas três dias depois de mais uma eliminação na Libertadores.

Números e fatos que dariam o favoritismo ao Timão, certo? Talvez, mas o que se viu no primeiro tempo, no jogo de ontem no Pacaembu, foi um Tricolor mais focado, mais vibrante, ganhando todas as divididas e controlando as ações do jogo.

Só que neste clássico, quase sempre o time que vive situação mais tranquila acaba vencendo. Foi assim nas seguidas vitórias tricolores entre 2004 e 2007. E foi assim no triunfo mosqueteiro de ontem.

Deu tudo errado pro São Paulo. Gols perdidos, um penal não marcado e um contra-ataque mortífero do rival, no final do primeiro tempo.

Parecia que o time corintiano sabia que os gols eram questão de tempo. E seus atletas voltaram ainda mais descontraídos pra etapa final, só que com um toque de bola mais consistente. O Tricolor sentiu então a pressão das recentes derrotas e apenas observou Chicão e Jucilei ampliarem a vantagem. Nem o gol de honra do esforçado Richarlyson colocou fogo no jogo.

O Corinthians de Mano Menezes vive uma fase encantada, enquanto nada parece dar certo para o São Paulo, que neste momento, não é de ninguém. Será de Ricardo Gomes, a partir de amanhã.

Boa sorte ao novo treinador. Há muito trabalho pela frente, mas ótimos jogadores para comandar.

Arrumar a defesa, juntando os cacos de um time marcado por improvisações e experiências das mais diversas nos últimos meses, é a primeira tarefa. E talvez a mais fácil.

Feito isso, Gomes terá de criar um padrão de jogo mais criativo aos volantes e meias do time, que tem mostrado um futebol absolutamente sem imaginação. E definir uma dupla de ataque titular, seja ela qual for.

Muricy merece uma estátua no Morumbi, tendo feito um trabalho brilhante nos últimos três anos. Mas estava errando demais, desde o Brasileirão de 2008 (apesar do título conquistado com inteira justiça).

Talvez a mudança de técnico seja positiva ao time. Assim como é positiva a demonstração de gratidão da torcida ao ex-treinador. Ter seu nome gritado no Pacaembu, mesmo após ser demitido, é provavelmente uma glória inédita na carreira de Muricy. E raríssima no futebol brasileiro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Thomaz. Admiro o seu trabalho na Transamérica e agora no seu blog.Apesar de Corinthiano declarado (como eu) é imparcial e coerente em seus comentários e abordagens sobre todos os clubes. Defende o Timão quando ele é injustamente atacado e o critica na medida certa quando merece. Não parte para uma crítica misturada com preferência política, como fazem alguns bons Corinthianos da mídia e ex-jogadores, como o Dr. Sócrates.Thomaz, você como uma voz de respeito não pode deixar barato essa palhaçada do DVD do Inter que, certamente, será um prato cheio para os "jornalistas" e mídia detratores do Timão.Devemos lembrar do Penalti a favor do Timão não marcado no jogo contra o vasco no Maracanã (gravata no Chicão em um escanteio), mais evidente do que o reclamado pelo Vasco no Pacaembu.Lembre ao Inter sobre o jogo contra o Brasiliense em 2005 (gol impedido que lhe deu a vitória no último minuto).Foi após o famigerado jogo do pênalti no Tinga. Nesta copa do Brasil, o Coritiba reclama de um pênalti no jogo que venceu o Inter por 1 a zero. Poderia ter sido o segundo gol e eliminado o clube gaucho. No jogo do Pacaembu, no final, um zagueiro do Inter tocou a mão na bola dentro da área, o que poderia ter sido interpretado como pênalti claro a favor do Timão. Tem também a Copa do Brasil de 92. O Inter foi campeão com pênalti inexistente contra o Flu, lembra? Você será capaz de achar muitos outros erros que prejudicaram o Timão e beneficiaram o Inter. Ponha a boca no trombone. Vamos desmascarar essa palhaçada.
Um abraço. Marcílio