sexta-feira, 28 de maio de 2010

CINEMA - A força do esporte

"O que passou, passou. Olhemos agora para o futuro". A frase é do líder sulafricano Nelson Mandela e foi dita logo após o mesmo assumir a presidência do país, apenas quatro anos depois de ser libertado da prisão, vítima do famigerado Apartheid.

Esta é apenas uma das frases de efeito de Invictus, filme mais recente de Clint Eastwood e certamente um dos mais belos de sua filmografia. Há quem diga que o diretor abusou dos clichês sentimentais, mas como não exagerar na dose ao contar a história de um dos maiores personagens do século XX, um líder carismático eleito para tentar diminuir o enorme abismo social e até mesmo cultural que dividia a África do Sul?

Isso tudo depois de 26 anos na prisão, condenado por pregar a igualdade entre as raças negra e branca. O que era um crime na década de 60 acaba virando a principal meta do governo de Mandela.

E ao mesmo tempo um desafio, já que é necessário saciar o apetite dos negros por oportunidades e uma total mudança política, não deixando de lado os direitos da minoria branca. Sem falar na luta para minimizar nos negros um possível sentimento de revanchismo.



Então "Invictus" se trata simplesmente de um filme sobre o mais importante capítulo político da história da África do Sul? Sim e não.

A trajetória de Mandela e as mudanças no país são mostradas, mas tudo a partir de uma espécie de metáfora esportiva.

E aí entram em cena dois excepcionais atores: Morgan Freeman (pela terceira vez dirigido por Eastwood), interpretando de maneira visceral o líder negro, e Matt Damon, que também impressiona no papel de Francois Pienaar, capitão da seleção nacional de rugbi, o esporte mais popular do país.

A união dos dois e a tentativa de transformar o rugbi num esporte para negros simboliza uma nova perspectiva no convívio entre as duas raças.

Mais do que isso, uma eventual vitória na Copa do Mundo da modalidade, que pela primeira vez acontecerá em solo sul africano (coincidentemente, quinze anos depois a África terá também sua primeira Copa de futebol) representaria o triunfo da nova política no país.

Com pouco mais de duas horas de duração, o DVD do filme chega às locadoras neste mês de junho. Se você perdeu no cinema, não deixe de ver em casa.

Até mesmo as cenas de rugbi, esporte pouquíssimo popular por aqui, são empolgantes. Até porque a causa é mais do que nobre.

2 comentários:

max disse...

Caro Thomaz você toda razão sobre este filme é sensacional

jairo madruga disse...

sensacional mesmo, o filme ensina uma lição de vida pra tds