quinta-feira, 25 de março de 2010

Metamorfose ambulante!

Raul Seixas cantou que preferia ser uma metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.

No futebol, com exceção daqueles comentaristas turrões e teimosos (não são poucos, acreditem!), que ignoram o dinamismo e a velocidade das mudanças no mundo da bola, somos um pouco (ou muito) como o Maluco Beleza.

E a seleção brasileira é um dos temas que mais comprovam o fato.

A cada semana, um novo jogador nos cativa ou um velho craque nos decepciona. E aí passamos a querer um nome diferente para nos representar na Copa do Mundo.

No texto que publiquei abaixo, por exemplo, eu deixei de lado os geniais malabaristas santistas Ganso e Neymar.

Já falei algumas vezes na Transamérica FM que Copa do Mundo nem sempre deve funcionar como laboratório para futuros craques.

Achei ridícula, por exemplo, a convocação de Kaká em 2002. Ele foi chamado por Felipão para ganhar experiência para outras Copas. Mas Alex e Ricardinho (este último, convocado posteriormente, apenas em razão da contusão de Emerson) jogavam muito mais do que o então sãopaulino naquela época e tinham muito mais maturidade para disputar um Mundial.

Tanto é verdade que, mesmo chegando a Ásia depois de Kaká, Ricardinho teve mais oportunidades do que o mesmo.

Só que nos casos de Ganso e Neymar (especialmente o primeiro), começo a acreditar, um tanto quanto embasbacado, que os dois poderiam ser muito mais do que alunos aplicados na África do Sul.

Mais do que ganhar experiência para uma futura Copa, eles poderiam na verdade ganhar essa Copa. E sendo decisivos.

Seria uma aposta. É até possível que ambos não consigam render, diante de tamanha pressão e da falta de entrosamento com os companheiros, nem 20% do que mostram no Peixe.

Mas não vejo hoje no banco de reservas alguém que possa, numa eventualidade, substituir Kaká à altura. Aliás, nem o próprio Kaká, com tantos problemas físicos, aparenta momentaneamente poder jogar o que realmente sabe.

E diante desse problema, Ganso poderia ser a solução.

Já em relação a Neymar, a grande dúvida é quem tirar para convocá-lo. Não seria justo esnobar o futebol de Luiz Fabiano, Nilmar, Adriano ou Robinho, atletas fundamentais para o sucesso de Dunga nos últimos quatro anos.

Nesse momento, eu ainda o deixaria no Brasil. Mas com uma pulga atrás da orelha. E com a trilha sonora de Raul Seixas embalando o raciocínio: "Eu quero dizer agora, o oposto do que eu disse antes".

Ou seja, num próximo texto, de repente o garoto já apareça em minha lista. Difícil mesmo será aparecer na lista do pragmático (e também competente, sério e vitorioso) técnico Dunga.

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